Por Barroso Guimarães
O presidente da Federação Sergipana de Futebol (FSF), Milton Dantas, fez um balanço considerado o melhor dos últimos anos para o futebol sergipano, em entrevista ao radialista Cristiano Prado, no programa Aperipê nos Esportes, da Aperipê FM. Ele destacou que, entre 11 de janeiro e 14 de dezembro, a entidade organizou quase 1.500 partidas oficiais, encerrando a temporada com a final do Campeonato Sergipano Sub-17 entre Sergipe e Lagarto, decidida nos pênaltis com título para o clube rubro.
Segundo Milton, a FSF assumiu todas as despesas das competições, arcando com arbitragem, material esportivo e, em muitos casos, fornecendo também uniformes e chuteiras para os clubes. Em 2025, a federação realizou nove competições: Sub-15, Sub-17, três torneios Sub-20, as Séries A1, A2 e A3 do futebol profissional, o Campeonato Feminino e a retomada da Copa Lotese.
A Copa Lotese e o Campeonato Sergipano da Série A1 foram apontados como financeiramente autossustentáveis, graças a patrocínios específicos. A Copa Lotese, reeditada em parceria com o Grupo Banese e o Governo do Estado, recebeu investimento de cerca de 2 milhões de reais em 2025, cumprindo promessa do governador Fábio Mitidieri de recriar a antiga Copa Governo do Estado com novo formato e nova nomenclatura.
No cenário nacional, Milton classificou como positiva a participação dos clubes sergipanos nas competições da CBF. Sergipe e Lagarto avançaram à segunda fase da Série D e, por pouco, não alcançaram a terceira, desempenho que garantiu ao estado mais uma vaga na Série D a partir de 2026. Confiança e Itabaiana, embora não tenham conquistado o acesso à Série B, mantiveram-se na Série C, algo valorizado pelo dirigente em comparação com federações que não têm representantes em divisões nacionais.
O presidente ressaltou ainda o aumento do número de vagas sergipanas na Copa do Brasil. Tradicionalmente com duas vagas, o estado passou a três e, em razão da campanha do Confiança na Copa do Nordeste — chegando à final contra o Bahia —, terá quatro vagas a partir da próxima temporada, reflexo da elevação do ranking da FSF.
Milton destacou que a ampliação da presença em Série D, Série C, Copa do Nordeste e Copa do Brasil significa incremento direto de receitas para os clubes, por meio de cotas e maior exposição de marca. Como exemplo, citou o América, que representará Sergipe na Série D e na Copa do Brasil em 2026, com estimativa de receita próxima de 2 milhões de reais, valor considerado histórico para a agremiação.
Esse novo patamar financeiro tem mudado o planejamento das equipes sergipanas. De acordo com o dirigente, clubes que antes faziam pré-temporadas de 10 a 15 dias hoje conseguem trabalhar entre 30 e 40 dias, padrão mais adequado às exigências físicas e técnicas do futebol atual.
Na área de patrocínios, Milton informou que o Banese, por meio da Loteria Estadual (Lottese), negocia uma proposta para patrocinar as dez equipes da elite estadual em 2026, o que tende a manter o banco como principal apoiador dos clubes. Ele revelou também que, graças a articulação pessoal junto ao presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, Rubens Lopes, a FSF firmou contrato com a agência de publicidade Brax para os anos de 2024, 2025 e 2026.
A Brax, responsável por direitos comerciais de grandes competições nacionais, detém a exploração publicitária das placas nos jogos do Sergipano, o que, somado aos recursos de televisão, permite à federação custear o campeonato e ainda formar um fundo de premiação. Em 2025, foram distribuídos mais de 1 milhão de reais, sendo cerca de 200 mil para o campeão e 50 mil para o clube rebaixado, garantindo retorno financeiro mesmo às equipes com pior desempenho.
Milton lembrou que os clubes sergipanos não pagam arbitragem desde 2016, ano em que assumiu a presidência da FSF. Ele contou que, para a pré-temporada recente, a federação distribuiu 200 bolas oficiais avaliadas em cerca de 399 reais cada, e que mais 200 já estão reservadas para o próximo campeonato, todas do mesmo modelo utilizado na Série B do Campeonato Brasileiro.
O dirigente também resgatou o processo de estruturação administrativa da entidade. Quando assumiu, em 2016, a federação funcionava em uma casa alugada no bairro Inácio Barbosa, com mobiliário sucateado e sem recursos em caixa. Por meio de projeto apresentado à CBF, conseguiu viabilizar a reforma da atual sede da FSF, no Batistão, custeada integralmente pela confederação, sem uso de verbas do governo estadual.
Sobre recursos públicos, Milton afirmou que as emendas parlamentares recebidas recentemente são repassadas diretamente aos clubes, profissionais e amadores, sem trânsito pelos cofres da FSF. A federação, segundo ele, mantém o foco em apoiar com material esportivo e na organização das competições, preservando a política de não onerar os clubes com custos de arbitragem e logística.
Questionado sobre as frequentes críticas à tabela do Campeonato Sergipano, o presidente explicou que o calendário estadual precisa seguir o cronograma da CBF. Para 2026, o Sergipano começará em 10 de janeiro e se estenderá até 8 de março, período reservado aos estaduais, enquanto o Brasileiro e a Copa do Brasil ocuparão janelas específicas a partir de fevereiro, evitando choques de datas.
Em relação ao mando de campo da abertura, com Desportivo Aracaju x Confiança, e à divisão de renda nos clássicos entre Confiança e Sergipe, Milton esclareceu que acordos anteriores de rateio de bilheteria eram entendimentos entre diretorias dos clubes, e não com a federação. Após um episódio de descumprimento que gerou prejuízo à FSF, a entidade passou a exigir documento formal e controle próprio da bilheteria para qualquer divisão de renda; sem isso, vale apenas o regulamento, com mandante e visitante definidos por critérios técnicos.
Ele detalhou que as cinco melhores equipes de 2025 farão cinco jogos como mandantes na primeira fase do Sergipano 2026, enquanto as demais, inclusive as recém-promovidas, terão quatro jogos em casa. Com quatro clubes sediados em Aracaju, a federação distribuiu as partidas no Batistão de modo a garantir equilíbrio: o Confiança fará sete jogos no estádio, com um mando a mais, enquanto o Sergipe terá seis, mas com compensações no número de partidas como visitante, inclusive na própria capital.
Ao final, Milton Dantas reforçou que o conjunto de investimentos, patrocínios, aumento de vagas em competições nacionais e melhoria na preparação das equipes consolida 2025 como um ano de virada para o futebol sergipano. Para ele, o momento é de consolidação de uma gestão que busca fortalecer clubes, valorizar o calendário e ampliar a presença do estado no cenário nacional.
